segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Desconstrução da Imagem


Na 2a feira de carnaval acordei no meio da noite e liguei a TV para ver se havia algo de interessante. Passando pela TV Cultura havia uma imagem no centro do Roda Viva que me chamou a atenção; por um momento fiquei tentando buscar referências para aquilo que meus olham miravam. Não havia. Era Laerte Coutinho, um cartunista muito inteligente, vestido de mulher, maquiado, cabelos longos e unhas pintadas de vermelho. Em seus olhos havia uma verdade absoluta e em sua fala algo que ultrapassava conceitos e pre-conceitos. As outras personalidades que o entrevistavam eram todas pessoas também muito interessantes e, ao final do programa ja não importava se era um homem, uma mulher e sim, um ser humano genial!
Desde esse dia essa imagem ficou em minha mente. As imagens costumam falar mais do que as palavras quando prestamos atenção a elas. Sempre trabalhei com a desconstrução de imagens; desenhos realistas nunca foram meu foco, meu interesse pois as coisas são as coisas. A arte para mim tem outra função. A de ultrapassar a superficialidade e causar estranhamento, questionamento, nos fazer sair do lugar de conforto para um lugar de reflexão. Os rótulos surgem quando fixamos apenas na aparência das coisas mas, se ousarmos buscar uma essência então algo pode se revelar. A percepção da sensação que a imagem nos causa é o que conta. Então, citando George Braque: "A ciência tranquiliza e a arte perturba".
Obrigada Laerte por causar essa profunda perturbação.

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